Portugal foi um dos primeiros países a
buscar novas rotas para o oriente. Em um contexto socioeconômico favorável, no
final da Idade Média, deu início As Grandes Navegações com o objetivo de
ampliar o comércio de especiarias e conquistar novos territórios.
Durante
o feudalismo o comércio era praticamente inexistente, basicamente trocas
de mercadorias. Porém, entre o século XIII e XIV, havia um comércio ativo entre o oriente e ocidente, que se deu por diversas rotas, mas com a tomada da
Constantinopla, e consequente dominação dos turcos, o comércio passou por
dificuldades por conta das altas taxas de juros cobradas. Devido a isso, a partir do século XIV, Portugal começou a desenvolver novas técnicas para
alavancar suas navegações e consequentemente seu comércio e poderio.
Dessa
forma, a potência europeia, financiada pela burguesia, saí à frente nas
expedições do século XVI, não só por novas rotas e desenvolvimento comercial,
mas em busca de ouro, especiarias, e, principalmente, territórios para
colonizar, objetivando fortalecer a burguesia e o império.
Em 1500 nova terras foram descobertas, e, em
1536, chegaria um dos primeiros donatários portugueses, Francisco Coutinho, a
fim de administrar uma das capitanias hereditárias, batizada com o nome de
Bahia de Todos os Santos. E, finalmente, em 1549, Tomé de Souza funda a cidade
do São Salvador. As razões para se
edificar a cidade eram muitas, sendo a necessidade de se criar as capitanias
que durariam até o séc. XVIII e depois seria extintas por Marquês do Pombal, sendo substituídas pelas capitanias gerais e as outras capitanias seriam denominadas
subalternas, por exemplo, Sergipe Del Rei e Espírito Santo eram Capitanias de
Salvador.
Salvador foi fundada como São Salvador Bahia de Todos os Santos, grafia do português arcaico, homenageando a Jesus Cristo, o Salvador, no cristianismo, feita pelos colonizadores católicos do Império Português.
Salvador foi fundada como São Salvador Bahia de Todos os Santos, grafia do português arcaico, homenageando a Jesus Cristo, o Salvador, no cristianismo, feita pelos colonizadores católicos do Império Português.
Criada como cidade- fortaleza para ser a sede do poder imperial, onde a ideia principal era de um povoado protegido por uma fortaleza. Suas ribanceiras eram convenientes, pois se transformavam em portos para as aguadas dos navios. Possuía duas portas nas extremidades dos muros que a protegiam: ao norte a porta de Santa Catarina – e ao sul a porta de Santa Luzia – porta de São Bento, essas portas possuíam duas pontes levadiças que atravessavam o fosso ao redor da fortificação. Além dos armazéns nas áreas comerciais. Tornando-se bastante estratégica e uma das principais cidades das Américas.
Salvador
era o centro do poder e transmitia todas as outras ordens para as demais
povoações.
Até o século XIX, a cidade baiana limitava-se a
leste pelo dique do Tororó, construído durante a ocupação holandesa, ao sul
pelo forte de São Pedro e ao norte pelo forte do Barbalho.
Friedrich Salathé (1793-1858) |
No entanto, na transição do século XIX para o XX
era uma cidade de contrastes. Como terceira maior capital brasileira, com
232.396 habitantes em 1899, e antiga capital da colônia portuguesa, Salvador
ainda concentrava uma elite enriquecida pelo comércio de importação e
exportação, pelo extinto tráfico negreiro e pelas emergentes empresas urbanas e
indústrias. No caso específico da cidade, mesmo não fazendo mais parte do
centro dinâmico da economia nacional, a capital baiana mantinha um dos
principais portos da região, exportando acima de tudo açúcar, fumo e cacau.
No final do século XIX, o ritmo de
crescimento foi retomado e se acelerou na segunda metade do século XX, graças,
sobretudo, à exploração do petróleo com a instalação da refinaria de Mataripe e
de outras unidades da Petrobrás. E à implantação do Centro Industrial de Aratu.
Surgiram muitas ofertas de empregos, assim como a formação de mão-de-obra e a
circulação de riqueza. A partir de então, a cidade consolidou suas funções de
metrópole regional e cresceu na direção das praias e colinas. Desenvolvendo-se em
dois níveis distintos: a Cidade Baixa, na estreita planície litorânea, e a Cidade
Alta, localizada no platô que se ergue em escarpa abrupta, a sessenta metros do
porto. A Cidade Baixa é núcleo das atividades portuárias e comerciais,
sobretudo do setor atacadista. Na Cidade Alta os bairros residenciais contornam
o centro histórico, que se caracteriza pelo comércio varejista.
A modernização viária de Salvador, realizada
na década de 1960, aproveitou os vales para a abertura de amplas avenidas que
facilitaram o trânsito entre o centro e os novos bairros e locais de veraneio.
Anteriormente, essa ligação se realizava mediante o contorno da orla marítima.
O crescimento da cidade, porém, agravou os problemas sociais. A população mais
pobre concentra-se em bairros que se estendem em direção norte, geralmente sem
infraestrutura urbana.
Dessa forma se dá o surgimento de vários
bairros, dentre esses, o de Fazenda Coutos, que pertencia a família Coutos que
era proprietária das colinas onde havia a Capela de São João, além de
plantações espalhadas por toda a fazenda.
Mapa de Salvador-BA |
Em 1983, inicia a história do bairro de
Fazenda Coutos com a antiga invasão das Malvinas, situada na Paralela. As
pessoas que lá moravam, foram removidas para a área denominada Coutos, onde a
prefeitura terraplenou o terreno e loteou. Com a reivindicação dos moradores
foi construído um prédio para que pudesse ser feito de salas de aula, criando a
Escola Municipal de Coutos. A partir daí, em decorrência da falta de estrutura,
surgiram também os loteamentos Fazenda Coutos I, II, III e IV.
Os bairros foram crescendo sem a estrutura
adequada, com isso acarretou diversos problemas sociais. Bem como, devido as
demandas da população pouco assistida, se deu o surgimento do comércio e de
serviços nas localidades. Atualmente, muito mais populoso e um pouco mais assistido,
o bairro conta com diversas projetos sociais, além de fatores, transporte,
escolas, postos de saúde, comércio local, etc, que desenvolve e contribui com a
vida dos moradores.
Relatos dos moradores
Segundo
a Srª Cristina Santos, 52 anos, moradora do lugar há quase 20 anos diz: “quando
cheguei aqui, com meus dois filhos pequenos, foi por causa do marido, que
conseguiu um trabalho e morar aqui era mais perto do serviço. Chegamos aqui,
não tina do que tem hoje, tinha em Paripe, Periperi e até um pouco nas outras
Fazenda Coutos, mais lá pra baixo, aqui não tinha nada, só a estrada que dá
para a Base Naval, umas casas mais no fundo, poucos moradores. Depois de um
tempo foi chegando mais gente, mais comércio, lojas, hoje a gente tem até
mercado e casa lotérica, antigamente tinha que ir pagar as contas longe, fazer
as coisas nos outros bairros e ir andando pois transporte era difícil.”
Para
Dona Andreia, 47 anos, moradora do bairro há 08 anos e que acompanhou um rápido
processo de crescimento, diz:
“
Menina, eu morava na cidade baixa, me mudei para cá para abrir um comércio de
bolo. Já conhecia o lugar, tinha alguns clientes por aqui, e decidir mudar.
Essa parte daqui, que hoje podemos até chamar de principal (BA 528), mais que
antes era o fundo desenvolveu muito rápido, essa parte era muito deserta,
basicamente estrada e um restaurante de beira, em poucos anosfoi crescendo,
ganhando moradores, comércio, transporte e hoje estamos assim, precisamos
melhorar, mas para o que era antes, tá de bom tamanho”
Referências
FAUSTO, Boris. História do
Brasil. Didática, 1. 6.ed. São Paulo: EDUSP / Fundação do Desenvolvimento da
Educação, 1998
http://
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882007000200012&script=sci_arttext
AZEVEDO, Thales.
Povoamento da cidade do Salvador. Salvador: Editora Itapuã/Prefeitura Municipal
de Salvador, 1969.
http://www.cidade-salvador.com/
Muito boa a pesquisa! É super importante conhecer a história de Salvador e, em especial, a de um bairro que eu pouco conhecia. Parabéns!
ResponderExcluirObrigada, Lenise! Realmente a pesquisa é muito interessante, conheci um outro lado da história de Salvador e também do meu bairro, pois não conhecia.
ResponderExcluirO texto trouxe um pouco de várias fases da história e ao mesmo tempo apresentou os momentos mais relevantes. Facilitando a história. Gostei, parabéns!
ResponderExcluirObrigada, Camila! Sim, alguns momentos que nos fazem compreender com maior facilidade a nossa história. Queria poder ter colocado mais, mas a intenção foi não torná-lo tão extenso.
ExcluirO texto trouxe um pouco de várias fases da história e ao mesmo tempo apresentou os momentos mais relevantes. Facilitando a história. Gostei, parabéns!
ResponderExcluirExímia pesquisa e de suma importância para agregar conhecimentos do surgimento de um bairro da nossa capital bem como despertando o interesse em saber de como surgiu. Parabéns pela pesquisa fica-se notório que abrangeu perfeitamente o assunto, e salientou que o conhecimento é a nossa força motriz para o sucesso!
ResponderExcluirMarluce Pita, estou super lisonjeada!!! Obrigada pela visita e contribuição. Levar um pouquinho de conhecimento e saber que houve aceitação é muito gratificante.
ExcluirExímia pesquisa e de suma importância para agregar conhecimentos do surgimento de um bairro da nossa capital bem como despertando o interesse em saber de como surgiu. Parabéns pela pesquisa fica-se notório que abrangeu perfeitamente o assunto, e salientou que o conhecimento é a nossa força motriz para o sucesso!
ResponderExcluirExcelente texto! Além de fazer um rápido resumo sobre toda a história de nossa Capital, também explica a origem dos bairros periféricos, e a causa dessa desestrutura proveniente do crescimento desordenado. Está de parabéns!
ResponderExcluirCamila, obrigada!! Essa foi a intenção, levar o conhecimento de forma dinâmica!
ExcluirMuito bom ler sobre Fazenda Coutos em FOCO de verdade!
ResponderExcluirConhecer a história do bairro,relato de moradores e etc...
Isso Maíra, FOCO na Fazenda Coutos, FOCO na história!
ExcluirMuito boa a sua pesquisa. Foi muito importante investir o meu tempo nesta leitura. Achei muito rica fala dos entrevistados, gente da gente. Se me permite gostaria de fazer uso da sua pesquisa, será de grande valia para concretizar o projeto na comunidade.
ResponderExcluirObrigada Marco! Todo conhecimento é importante! Fique à vontade!
Excluirmoro aqui a 27 anos e vi isso aqui crescer.
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