terça-feira, 13 de outubro de 2015

SURGIMENTO DA CIDADE DE SALVADOR E A HISTÓRIA DO BAIRRO FAZENDA COUTOS




   Portugal foi um dos primeiros países a buscar novas rotas para o oriente. Em um contexto socioeconômico favorável, no final da Idade Média, deu início As Grandes Navegações com o objetivo de ampliar o comércio de especiarias e conquistar novos territórios.  
  Durante o feudalismo o comércio era praticamente inexistente, basicamente trocas de mercadorias. Porém, entre o século XIII e XIV, havia um comércio ativo entre o oriente e ocidente, que se deu por diversas rotas, mas com a tomada da Constantinopla, e consequente dominação dos turcos, o comércio passou por dificuldades por conta das altas taxas de juros cobradas. Devido a isso, a partir do século XIV, Portugal começou a desenvolver novas técnicas para alavancar suas navegações e consequentemente seu comércio e poderio.
   Dessa forma, a potência europeia, financiada pela burguesia, saí à frente nas expedições do século XVI, não só por novas rotas e desenvolvimento comercial, mas em busca de ouro, especiarias, e, principalmente, territórios para colonizar, objetivando fortalecer a burguesia e o império.
   Em 1500 nova terras foram descobertas, e, em 1536, chegaria um dos primeiros donatários portugueses, Francisco Coutinho, a fim de administrar uma das capitanias hereditárias, batizada com o nome de Bahia de Todos os Santos. E, finalmente, em 1549, Tomé de Souza funda a cidade do São Salvador. As razões para se edificar a cidade eram muitas, sendo a necessidade de se criar as capitanias que durariam até o séc. XVIII e depois seria extintas por Marquês do Pombal, sendo substituídas pelas capitanias gerais e as outras capitanias seriam denominadas subalternas, por exemplo, Sergipe Del Rei e Espírito Santo eram Capitanias de Salvador.


    Salvador foi fundada como São Salvador Bahia de Todos os Santos, grafia do português arcaico, homenageando a Jesus Cristo, o Salvador, no cristianismo, feita pelos colonizadores católicos do Império Português.


   Criada como cidade- fortaleza para ser a sede do poder imperial, onde a ideia principal era de um povoado protegido por uma fortaleza. Suas ribanceiras eram convenientes, pois se transformavam em portos para as aguadas dos navios.  Possuía duas portas nas extremidades dos muros que a protegiam: ao norte a porta de Santa Catarina – e ao sul a porta de Santa Luzia – porta de São Bento, essas portas possuíam duas pontes levadiças que atravessavam o fosso ao redor da fortificação. Além dos armazéns nas áreas comerciais. Tornando-se bastante estratégica e uma das principais cidades das Américas.

Bairro Vitoria

   Salvador era o centro do poder e transmitia todas as outras ordens para as demais povoações.
    Até o século XIX, a cidade baiana limitava-se a leste pelo dique do Tororó, construído durante a ocupação holandesa, ao sul pelo forte de São Pedro e ao norte pelo forte do Barbalho.

Igrejas Antigas
Friedrich Salathé (1793-1858)
  No entanto, na transição do século XIX para o XX era uma cidade de contrastes. Como terceira maior capital brasileira, com 232.396 habitantes em 1899, e antiga capital da colônia portuguesa, Salvador ainda concentrava uma elite enriquecida pelo comércio de importação e exportação, pelo extinto tráfico negreiro e pelas emergentes empresas urbanas e indústrias. No caso específico da cidade, mesmo não fazendo mais parte do centro dinâmico da economia nacional, a capital baiana mantinha um dos principais portos da região, exportando acima de tudo açúcar, fumo e cacau.
   No final do século XIX, o ritmo de crescimento foi retomado e se acelerou na segunda metade do século XX, graças, sobretudo, à exploração do petróleo com a instalação da refinaria de Mataripe e de outras unidades da Petrobrás. E à implantação do Centro Industrial de Aratu. Surgiram muitas ofertas de empregos, assim como a formação de mão-de-obra e a circulação de riqueza. A partir de então, a cidade consolidou suas funções de metrópole regional e cresceu na direção das praias e colinas. Desenvolvendo-se em dois níveis distintos: a Cidade Baixa, na estreita planície litorânea, e a Cidade Alta, localizada no platô que se ergue em escarpa abrupta, a sessenta metros do porto. A Cidade Baixa é núcleo das atividades portuárias e comerciais, sobretudo do setor atacadista. Na Cidade Alta os bairros residenciais contornam o centro histórico, que se caracteriza pelo comércio varejista.
Salvador Buckham

  A modernização viária de Salvador, realizada na década de 1960, aproveitou os vales para a abertura de amplas avenidas que facilitaram o trânsito entre o centro e os novos bairros e locais de veraneio. Anteriormente, essa ligação se realizava mediante o contorno da orla marítima. O crescimento da cidade, porém, agravou os problemas sociais. A população mais pobre concentra-se em bairros que se estendem em direção norte, geralmente sem infraestrutura urbana.
   Dessa forma se dá o surgimento de vários bairros, dentre esses, o de Fazenda Coutos, que pertencia a família Coutos que era proprietária das colinas onde havia a Capela de São João, além de plantações espalhadas por toda a fazenda.



Mapa Salvador
Mapa de Salvador-BA
  Em 1983, inicia a história do bairro de Fazenda Coutos com a antiga invasão das Malvinas, situada na Paralela. As pessoas que lá moravam, foram removidas para a área denominada Coutos, onde a prefeitura terraplenou o terreno e loteou. Com a reivindicação dos moradores foi construído um prédio para que pudesse ser feito de salas de aula, criando a Escola Municipal de Coutos. A partir daí, em decorrência da falta de estrutura, surgiram também os loteamentos Fazenda Coutos I, II, III e IV.




   Os bairros foram crescendo sem a estrutura adequada, com isso acarretou diversos problemas sociais. Bem como, devido as demandas da população pouco assistida, se deu o surgimento do comércio e de serviços nas localidades. Atualmente, muito mais populoso e um pouco mais assistido, o bairro conta com diversas projetos sociais, além de fatores, transporte, escolas, postos de saúde, comércio local, etc, que desenvolve e contribui com a vida dos moradores.



coutos_poligonal_mapa



Relatos dos moradores

Segundo a Srª Cristina Santos, 52 anos, moradora do lugar há quase 20 anos diz: “quando cheguei aqui, com meus dois filhos pequenos, foi por causa do marido, que conseguiu um trabalho e morar aqui era mais perto do serviço. Chegamos aqui, não tina do que tem hoje, tinha em Paripe, Periperi e até um pouco nas outras Fazenda Coutos, mais lá pra baixo, aqui não tinha nada, só a estrada que dá para a Base Naval, umas casas mais no fundo, poucos moradores. Depois de um tempo foi chegando mais gente, mais comércio, lojas, hoje a gente tem até mercado e casa lotérica, antigamente tinha que ir pagar as contas longe, fazer as coisas nos outros bairros e ir andando pois transporte era difícil.”


Para Dona Andreia, 47 anos, moradora do bairro há 08 anos e que acompanhou um rápido processo de crescimento, diz:

“ Menina, eu morava na cidade baixa, me mudei para cá para abrir um comércio de bolo. Já conhecia o lugar, tinha alguns clientes por aqui, e decidir mudar. Essa parte daqui, que hoje podemos até chamar de principal (BA 528), mais que antes era o fundo desenvolveu muito rápido, essa parte era muito deserta, basicamente estrada e um restaurante de beira, em poucos anosfoi crescendo, ganhando moradores, comércio, transporte e hoje estamos assim, precisamos melhorar, mas para o que era antes, tá de bom tamanho”


Referências

FAUSTO, Boris. História do Brasil. Didática, 1. 6.ed. São Paulo: EDUSP / Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1998

http:// www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882007000200012&script=sci_arttext

AZEVEDO, Thales. Povoamento da cidade do Salvador. Salvador: Editora Itapuã/Prefeitura Municipal de Salvador, 1969.

http://www.cidade-salvador.com/